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MEMENTO MORI / MEMENTO VIVERE
Nos anos de 2018 a 2019 o contato com a natureza foi intensificado provocando devaneios que trouxeram para a consciência algum entendimento dos ciclos da vida.
Estava me permitindo aprender com a natureza pedagógica que tão bem utiliza didáticas perfeitas, é só contemplá-la.
Cada peça em si é um processo de morte/vida/morte. Inicialmente há o barro, que aparentemente é morto, extraído da natureza viva, que em contato com as mãos do artista geram movimento e transforma-se em uma nova imagem. Em outro momento, quando a obra estiver diante do observador, novamente o ciclo se inicia e então gerará nova vida, que nesse contato, apreenderão um novo significado.
Nesse momento surgiam:
RE-FLORES-SER (2019)
Uma serie composta de 4 esculturas, folhas modeladas em bandagens embebidas em cimento, com estrutura de metal, material duro frio utilizado nas construções que muitas vezes toma o lugar da natureza, fixadas em base de madeira de demolição, finalizada no ano de 2019.
# Primavera - Desabrochar.
# Verão - Consistência.
# Outono - Resistência .
# Inverno - Anciã.
Lamento de Nhandecy (peça única) 2019
A inspiração para Lamento de Nhandecy partiu do sentimento gerado pela observação dos picos de queimada na Amazônia causando um dano imenso. Emanava no ar um sentimento de tristeza, um lamento profundo de dor causada pelas queimadas de nossa grande mãe Nhandecy. Fui tomada por esse sentimento que extravasou através de minhas mãos, dando forma a uma figura feminina chorando suas chagas em um pedaço de tronco se desfazendo em brasa.
Essa modelagem foi feita em um material duro, áspero, que registrasse as marcas dos cortes e escoriações. “Bandagens embebida em cimento”. Quase que como tampões para estancar essa dor.
A madeira de demolição tingida de vermelho de forma que ficasse gravado na sua alma essa tristeza. “Encáustica”, processo em que é usado cera natural de abelha, resina extraída de seiva vegetal cristalizada, (o sangue das árvores) e pigmentos. Usar o próprio sangue para sustentar a chama do fogo que queima e grava a dor em seu próprio corpo, causado pelo desrespeito do filho que desmantela a mãe que lhe dá a vida.
Escultura modelada em cimento e bandagem de algodão, fixada em madeira de demolição tingida pela técnica encáustica. Medidas: 34cm (h) x 30 x 14cm
Fênix (peça única) 2020
Fênix homem renascendo das cinzas do planeta terra como se viesse anunciar um novo ciclo, após a destruição da natureza causado pela própria humanidade.
Escultura em terracota esmaltada em alta temperatura com base em vidro fundido. Medidas: 40cm(h) x 35cm de diâmetro
“Memento More/ Memento Vivere”
Essas reflexões me proporcionaram questionamentos o que realmente vive, o que permanece.... Assim iniciava-se uma consciência de uma linha do tempo e começava a aparecer em imagens o movimento “Memento Mori/ Memento Viveri”.
Expressão do Latim que significa: “Lembra-te de que és mortal / Lembra-te de viver”.
Em 2020 - 2021, no momento da pandemia, com isolamento, muitas perdas e presença da morte constante, provocou um movimento de profunda reflexão.
As artes produzidas a partir desse período estão carregadas de sentimentos duais e contrastantes: morte e vida. Somos seres em transformação, tudo é ciclo, depois do dia vem a noite, depois da noite vem o dia; primavera, verão, outono e inverno. Precisa-se morrer para renascer.
"O Elo" (2021)
“O Elo”, representa a corrente existencial da evolução, essa peça foi modela durante a pandemia de Corona Virus 2020- 2021. Faz parte do movimento Mento Mori / Memento Vivere.
Tudo é ciclo. É preciso morrer para renascer, tem-se que saber viver para carregar o aprendizado na alma. Em cada minuto o ciclo da vida acontece, em tudo e em todo lugar, oferecendo uma sabedoria, nos cabe observar e apreender.
Na lápide de Allan Kardec, acha-se gravado o apotegma que resume a doutrina Kardequiana, de justiça e progresso:
“NAÎTRE, MOURIR, RENAÎTRE ENCORE ET PROGRESSER SANS CESSE TELLE EST LA LOI”
“Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre
é a lei”
Escultura em mármore reconstituído.
Medidas: 33cmX 20cmX29cm (h)
O início da inspiração para a Clave de Sol começou no final do ano 1998 quando assisti ao espetáculo de dança de Mikhail Baryshnikov, no Teatro Municipal de São Paulo, dançou ao som das batidas de seu coração. Como se ele dançasse a vida!
No período da pandemia no 2º semestre de 2020, em um de meus primeiros períodos de reclusão, ouvindo músicas clássicas Bach e Beethoven, o barro em minhas mãos, a natureza presente, imagens de 1998 projetadas em meu pensamento, começa a forma no barro da Sra Clave de Sol corpo feminino com o braço direito para cima, mão virada para o céu, braço esquerdo para baixo, mão enrolada para dentro como uma raiz.
A ligação entre o céu e a terra, o sagrado e o humano ligados através da música.
A Sra. Clave de Sol ficou pronta em 2021 em
mármore reconstituído.
“Sra Clave de Sol” (2021)
A transformação, a mudança da forma para evoluir é a meta. O alcance da Meta, a transformação da forma, somente pode ocorrer através do amor.
A peça que faz parte da série "Memento Mori /Memento Vivere", expressão que vem do Latim e que significa:
“lembra-te de que és mortal / lembra-te de viver”, representa a corrente da evolução, onde nos transformamos constantemente pelo nascimento, vida, morte e pelo amor.
“Meta-Amor-Fose” (2021)
Essa também faz parte da série “Memento Mori / Memento Vivere”. A inspiração, chegou através da leitura do livro da Bíblia do Apocalipse Cap.12,1-10: viu-se um grande sinal no céu: “A mulher vestida de Sol, grávida, com a lua debaixo de seus pés e uma coroa de 12 estrelas sobre a cabeça”...
Toda essa informação começou a formar uma dança de imagens no meu inconsciente, minhas mãos só conseguiram dar vazão junto a argila, no início do ano de 2020.
Esse sentimento do sagrado feminino da Sra Vestida de Sol, o período conturbado de início de pandemia do COVID, intensificaram a construção da peça.
O processo de finalização no1ºsemestre de 2021, foi com encáustica, processo esse, utilizado antigamente no Egito, nas máscaras mortuárias com cera de abelha, pigmentos e resina. Esquenta e queima; marca e grava. Bem propício para essa época de tanta dor, perdas e nossas máscaras mortuárias que marcam a alma.
Estava resistente às cores intensas e a peça barroca, muito diferente da minha forma de modelar, até que na volta para casa (em 02/07/2021) olhei o retrovisor do carro e vi o entardecer de outono, com aquelas cores; o sol, vermelho alaranjado do fogo e o céu, azul royal do universo, enxerguei a Sra. do Apocalipse sussurrando ao meu ouvido: “Memento Mori - Memento Vivere”.
“Sra do Apocalipse” (2021)
Elo Refletido /
Reflexos Tido do Elo
A obra “Elo Refletido / Re-Flexos-Tido do Elo” foi moldada em gesso em 2022 e finalizada em 2023. É uma das peças que compõem o movimento “Memento Mori / Memento Vivere”. Imaginada a partir da peça “Elo”, cujo significado é ser o elo da corrente existencial da evolução.
Seu nome guarda o significado profundo:
RE: O prefixo RE é de origem latina, carrega o sentido da repetição. Repetimos a cada momento de vida um ciclo: MOVIMENTO - VIDA.
FLEXOS: Gesto de curvar-se, poder ser dobrado. Para formar o ciclo da evolução precisamos nos curvar perante o outro, num gesto de reverência e respeito. Enquanto sustentamos a relação com o outro com nossa mão, a mão do outro nos impulsiona para mantermos o elo fechado, formando a relação de unidade: HUMILDADE - RESPEITO.
TIDO: Que se conseguiu possuir, ter. Atitudes que dão forma, conhecimento, que se
propagam, provocando transformações:
RESPONSABILIDADE - COMPROMISSO.
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